A idealização da maternidade
Por Camila Helena
Quando falamos em maternidade, muitas coisas vêm à mente, sobretudo no que diz respeito à idealização das mães.
Existe a glorificação da maternidade, como se fosse um ato pleno de felicidade, seguido pela lógica de que só seremos mulheres completas após a maternidade. E essa "felicidade" é carregada de obrigações ocultas que muitas vezes fazem com que aquela mulher que era vista como profissional, estudante, amiga (etc.), passe a ser vista apenas como mãe. A que deve doar amor e cuidado e que deve ainda ter a capacidade de cumprir outros papéis como o de ser “pai” quando eles, os pais biológicos, abandonam seus filhos.
Dessa forma, aquela mulher que tinha diversos papéis sociais encontra-se sozinha como mãe e desesperada para conseguir cumprir de maneira perfeita todas essas obrigações que diariamente são reforçadas por familiares, amigos e conhecidos.
E assim, junto com uma criança, nasce também, a solitude da mulher mãe. Afinal, as mulheres mães, muito constantemente e sobretudo nos primeiros anos de vida dos seus filhos, deixam de frequentar diversos espaços de convivência, uma vez que o julgamento interno e social é intenso, pois bebê chora, criança pequena mexe em tudo etc etc etc...
Neste momento, não é raro ver mulheres despersonificadas, sem reconhecerem a si mesmas, sem estarem em contato com o seu Eu interior, com a sua autoestima abalada, sem conexão com as coisas que fazem seus olhos brilharem...
Mas... espere! O filho ou melhor, a maternidade não deveria suprir todos os desejos femininos? Afinal, ser mãe não é "padecer no paraíso"?
Não é bem assim, experimente colocar no google "ser mãe é" para ver o que aparece como complemento... palavras como exaustivo, cansativo, querer fugir, ser forte... irá aparecer nas primeiras colocações...
Por isso, desconstruir esse lugar da mãe idealizada, que é 100% feliz apenas pelo fato de ser mãe, é tão importante! Pois nos permite olhar para a mulher real, além da mãe... para aquela que muitas vezes não sabe o que fazer, está esgotada e se sentindo sozinha e também está precisando de cuidados.
Maternidade é bom, filho é bom... mas não é a escolha de todas e nem será a solução para todos os anseios femininos...
O resgate pessoal de si mesma é fundamental para todas as mulheres e sobretudo para as mulheres mães, que muitas vezes se perdem de si mesmas, quando tentam "dar conta" a partir deste lugar idealizado... deixando muitas vezes de lado a leveza e perdendo em muito da alegria que este novo papel, quando vivido a partir da ótica do possível, pode trazer!
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