Furo do teto de gastos defendido por Lula é letal para os mais pobres
Equipe que atua na transição do presidente eleito prevê rombo na casa dos R$ 175 bilhões para bancar programas sociais
Equipe que atua na transição do presidente eleito prevê rombo na casa dos R$ 175 bilhões para bancar programas sociais
Recessão global, inflação e juros altos são somente alguns dos entraves que prometem assolar a economia mundial em 2023. Na contramão do movimento, a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ignora os sinais adversos e defende um rombo nas contas públicas, cenário que tende a atrapalhar a vida dos mais pobres.
O temor mostrado nos últimos dias por economistas e analistas financeiros envolve a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) apresentada pela equipe de transição, que prevê um gasto de R$ 175 bilhões fora do Orçamento, fruto de uma despesa permanente para o pagamento de benefícios sociais fora do teto de gastos.
Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC (Banco Central) e consultor econômico independente, explica que o principal problema atrelado ao aumento dos gastos envolve a possibilidade de estagnação do PIB (Produto Interno Bruto), o que ele classifica como a "origem da miséria", e rotula os auxílios financeiros de “apenas um remédio” para atenuar a pobreza.
Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, as sinalizações fazem com que os investidores visualizem maiores riscos de financiar o Brasil. “Esse aumento de percepção de risco se traduz na desvalorização de ativos brasileiros, como títulos do governo e de empresas, ações e a nossa moeda”, afirma.
Crítica de apoiadores
Diante do cenário assustador, os economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, que apoiaram a candidatura de Lula, se manifestaram contra as recentes sinalizações da equipe de transição.
"Para cumprir o teto de gastos, geralmente é preciso desmontar políticas sociais, e não se mexe com o mercado financeiro. Vai aumentar o dólar e cair a Bolsa? Paciência. Mas o dólar não aumenta nem a Bolsa cai por causa das pessoas sérias, e sim dos especuladores", afirmou o presidente eleito.
Crise global
A elevação dos gastos públicos ganha ainda mais perversidade com o atual cenário econômico global. De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a perspectiva econômica mundial é “sombria” diante do ambiente marcado pelo aperto da política monetária para conter a inflação, o fraco impulso de crescimento chinês e a guerra na Ucrânia.
Freitas, ex-diretor do BC, afirma que o cenário da economia mundial para o restante da década "não é muito sorridente", e isso pode piorar a situação do Brasil diante do aumento dos gastos públicos.
Diante do ambiente adverso, Freitas não descarta a possibilidade de o Brasil surfar na direção oposta das grandes economias se adotar a responsabilidade fiscal. "O cenário mundial desfavorável não quer dizer que o Brasil não vai crescer, mas é preciso fazer o melhor possível para garantir um equilíbrio macroeconômico", completa ele.
Fonte: Portal R7
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