Nos dias de hoje é muito comum "o sair dos trilhos", pois "em aumentando a iniquidade, o amor de muitos esfriará". Porém, em alguns momentos da vida, todos nós já saímos dos trilhos de alguma maneira. A questão não é o ter saído, mas sim tomar a decisão de voltar à trajetória anterior com uma atitude de mudança. Muitos não voltam aos trilhos por orgulho, medo, vergonha, desânimo, comodismo, prazer e etc. Quem sai dos trilhos terá problemas. Alguns serão leves, outros graves, e alguns serão fatais. Você pode se perguntar: O que fazer se me encontro fora dos trilhos? A resposta não é fácil. Mas a primeira coisa a fazer, com toda certeza, é retornar ao princípio de tudo, ao primeiro amor, à antiga plataforma de valores, estes parcial ou totalmente abandonados durante nossa fuga da rota originalmente traçada pelo Maquinista.

A nossa existência pode muito bem ser comparada a um trem sobre trilhos. Nessa metáfora nós somos o trem e nossa jornada existencial seria os trilhos sobre os quais avançamos em várias direções. Durante a trajetória chamada vida, paramos em várias estações e nelas interagimos com fatos e pessoas novas, alguns ficam pelo caminho, enquanto outros relacionamentos e contatos novinhos em folha irrompem sobre nós. Alguns desses novos contatos, fatos ou relacionamentos irão nos fazer crescer como pessoa humana, favorecerão nosso progresso espiritual, intelectual ou emocional. Outros porém, suscitarão em nós desejo primitivos adormecidos e devidamente contidos pela necessária barragem emocional construída ao longo da jornada. E é exatamente aí que mora o perigo. 

Quando paixões e desejos são despertados ou suscitados em nós, em geral por mentes conquistadoras e hábeis na arte da sedução, o que acontece é que por vaidade, curiosidade ou pura e simples pulsão instintual do ser animal primitivo latente em nós, podemos dar vazão ao chamado instinto básico. Este, uma vez liberado, se faz insaciável e estará continuamente em busca do proibido, da emoção nova seguinte, mais forte e intensa, capaz de arrebatar o sentidos e fazer acreditar que "agora sim a vida faz valer a pena existir".

Ocorre que tudo isso é um grande engano de nossa alma, pecaminosa, carnal e volúvel. Ela que sempre procura o caminho fácil da autossatisfação. Que prescinde regras e valores colocando ao próprio ser humano no centro do palco da existência, secundarizando Deus e Sua Palavra. A alma quando não está subjugada aos princípios e valores de Deus e é orientada pela forma moderna, humanista, antropocêntrica e secularizada de pensar, se torna escrava dos desejos e passa a viver exclusiva e unicamente para a busca de novas formas de satisfazê-los.

Uma alma assim põe a vida fora dos trilhos facilmente e se descarrilha do propósito eterno para o qual foi criada. Nascemos para sermos felizes e glorificarmos ao nome do nosso Deus por meio de nossa vida, e isso consubstanciado sob a forma de ações que expressem e revelem ao mundo o Seu amor em nós. E isso só será possível se engolirmos o orgulho, sufocarmos a vaidade, descermos ao pó da humildade e nos assentarmos e prostrarmos aos pés do Senhor que tudo pode e de tudo sabe. 

Somente Ele é capaz de conhecer o âmago de nossa alma. E a um espírito genuinamente quebrantado Ele não resistirá. Ele te ouvirá, assim que você O buscar de todo o seu coração e em sincero arrependimento. Ele virá, sarará as feridas de tua alma, te renovará o coração e levará de volta ao bom caminho, às antigas veredas. Ele porá a sua vida de volta nos trilhos.

Agora, se você permanecer uma pessoa ensimesmada, sofismando, filosofando e achando que não é tão errado assim o caminho que você, por livre e espontânea vontade escolheu, aí então não restará mais nada a ser feito por ti. Exceto orar e esperar que Deus intervenha em sua vida. Mas lembre de uma coisa: Deus só vai até onde a nossa fé permite que Ele vá. Por isso, Ele não violará o livre arbítrio que te deu um dia. 

Toda escolha tem uma consequência, boa ou má! Volte logo pra Deus, revigore teu ser e reconstrua os trilhos da relação com Ele. Deixe-o conduzir sua vida e ser O Maquinista de tua alma. Eu te desejo uma boa, nova e restauradora viagem sob os braços fortes do Maquinista da Vida.

Shalom!